Penumbra (Adrián García Bogliano, Ramiro García Bogliano, 2011) |
Penumbra (Adrián García Bogliano, Ramiro García Bogliano, 2011) pode não ser uma obra-prima mas é exemplar a vários níveis. Trata-se de um filme de ilusões e equívocos, tanto para as personagens como para o espectador. O facto de vir rotulado de terror pode levar o espectador desprevenido a pensar em sangue e sustos fáceis. Se for isso que procura vai dar o tempo e o dinheiro por mal gastos pois, se algo próximo disso existe no filme, surge apenas no final e por alguns minutos. É certo que a estranheza da situação coloca o espectador numa posição de vigilância permanente, mas tal não impede que encontre muitos momentos divertidos, próprios de uma comédia de enganos.
Marga (Cristina
Brondo) é uma executiva arrogante que ao tentar arrendar uma casa, devido à
falta de escrúpulos, acaba por ser apanhada no meio de um perigoso ritual de
uma seita. O enredo em que é lançada é potenciado pela sua impetuosidade e
ilusão de que controla os acontecimentos, o que é divertidamente aproveitado
pelos outros personagens. O comportamento de Marga chega a roçar o desprezível
levando o espectador a pouco se importar com a sua sorte e a relativizar as
acções dos membros da seita. O elenco é dominado por um bom naipe de actrizes,
com destaque para Cristina Brondo, uma mulher à beira de um ataque
de nervos, e Mirella Pascual, uma deliciosa e intrometida vizinha. Por vezes,
ambas nos lembram Pedro Almodovar e o papel que dá às mulheres na organização
dramática. Outra das referências que pairam sobre o filme é The House of the Devil de Ti West, tanto
no tema como na forma como conduz a narrativa. Tal como no filme de West, a dupla de realizadores de Penumbra vai cozendo muito lentamente a história
até um surpreendente climax.
Depois de ter
sido um dos destaques do Fantastic Fest, esta produção argentina foi lançada
este mês nas salas de cinema e em VOD nos Estados Unidos, onde está a ter uma boa recepção critica.
Poderíamos pensar que apenas o cinema de autor estrangeiro teria algum destaque
nos Estados Unidos mas este filme é a prova de que nem sempre é assim que acontece. A
limitação de recursos financeiros e o facto de vir de um país que não pertence
aos grandes centros de produção não é razão para se ficar pela qualidade
indigente característica de grande parte dos filmes portugueses dirigidos ao
grande público. //
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