O Melhor Terror de 2014



















Under the Skin (Jonathan Glazer, 2013)




Na análise do melhor terror de 2014, se nos limitássemos à lista que elaborámos em Fevereiro (aqui) com algumas apostas para o ano que entretanto começava, rapidamente concluiríamos que 2014 foi ano de espalhanços. Percorrendo a lista negra encontramos Lucky McKee, Adrián García Bogliano, Alexandre Aja, Mike Flanagan, Ben Wheatley, Nicholas McCarthy, Greg McLean e Scott Derrickson - entre eles, vários pesos-pesados que limitavam o risco da aposta -, mas o grande caso do ano, com uma sonora negativa, é Ti West que nos presenteou com o seu pior filme, The Sacrament (2013) - e aqui quase que poderíamos incluir o bastardo Cabin Fever 2: Spring Fever (2009), que West nem quis assinar considerando-o um cut final do produtor, mas que relativamente a The Sacrament tem a vantagem de, na sua vontade de derrisão, funcionar como uma divertidíssima paródia ao primeiro Cabin Fever (2002), dirigido pelo mesmo Eli Roth que agora produz The Sacrament.

The Sacrament oferece-nos um Ti West amarrado aos tiques e rodriguinhos do found footage, dispositivo que parece ter morrido à nascença mas do qual o cinema de terror, mais do que outro género, tem usado e abusado até à náusea. Queridinho dos festivais, foi anunciado como o melhor filme de West e alcançou algum consenso na crítica especializada - entre ela, muita da que refila com a persistente reincidência no found footage - que o tinha negado ao seu título anterior, o belíssimo The Innkeepers (2011) que se mantém como um dos maiores desta década. Não é que a escolha do found footage, enquanto espelho da artificialidade na reconstrução do material "documental" e na exploração naturalista da representação e do trabalho de câmara, se antecipasse desadequado a este (des)encontro entre a saturação da sociedade de consumo e a pureza do paraíso perdido, mas Ti West revela-se um autor encurralado num modelo, a quem falta rasgo na construção dessa tensão. E juntando found footage, sociedade de consumo e paraísos perdidos, preferimos o inefável Cannibal Holocaust (Ruggero Deodato, 1980), que era claro na sua principal ambição, a exploitation, mesmo que não tenha ficado por aí.



14

Jonathan Glazer, Under the Skin
David Cronenberg, Maps to the Stars
James DeMonaco, The Purge: Anarchy
Jennifer Kent, The Babadook
Jim Mickle, Cold in July
Adam Wingard, The Guest
Bong Joon-ho, Snowpiercer
Kevin Kolsch, Dennis Widmyer, Starry Eyes
Sono Sion, Jigoku de naze warui (Why Don't You Play in Hell?)
John R. Leonetti, Annabelle
Leigh Janiak, Honeymoon
John Logan, Penny Dreadful (TV)
Gerard Johnstone, Housebound
Kevin Smith, Tusk



Como antecâmara da visão geral de 2014, que daremos a conhecer nos próximos dias, no que toca ao terror, estes são os filmes e séries televisivas que marcaram o nosso ano. Fica o alerta habitual que a lista não vive apenas de sustos, criaturas sobrenaturais e sangue, pois estão consideradas outras áreas adjacentes com doses razoáveis de sci-fi, drama psicológico e comédia em tons negros.


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