Lamberto Bava apresenta o ciclo dedicado a Mario Bava


No âmbito da 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, Lamberto Bava esteve em Lisboa para apresentar as primeiras sessões do ciclo dedicado a Mario Bava. Enquanto conhecedor da obra e antigo colaborador do pai, na sala da Cinemateca Portuguesa, Lamberto Bava, acompanhado pelo programador da casa Luís Miguel Oliveira, fez uma pequena introdução a La ragazza che sapeva troppo (The Evil Eye, 1963) e, no final da sessão, respondeu às perguntas do público - o mesmo aconteceu para La maschera del demonio (Black Sunday, 1960), I tre volti della paura (Black Sabbath, 1963), Cani arrabbiati (Rabid Dogs, 1974) e La venere d'ille (1979) -, em que foram abordadas as diferenças entre a cópia italiana do filme, La ragazza che sapeva troppo, e a versão falada em inglês lançada pela AIP, The Evil Eye. Esta última foi a versão que a Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema exibiu, uma cópia em 35 mm que faz parte do seu arquivo e que teve estreia comercial, em Portugal, a 23 de Junho de 1964, no saudoso cinema Condes. Como a Cinemateca alerta na folha de sala: A cópia que exibimos, proveniente da época da estreia comercial portuguesa do filme, apresenta sinais de desgaste, designadamente riscos no suporte e na emulsão, que se intensificam na passagem das bobines, e um ruído de fundo ligeiro, mas constante. Nada que possa ter anulado o enorme prazer de assistir a um filme de Mario Bava em 35 mm, havendo momentos em que se pôde apreciar, com bom contraste, a belíssima fotografia a preto e branco. Uma das mais valias de ter estado presente na sessão foi confirmar as diferenças entre este The Evil Eye e La ragazza che sapeva troppo. Para uma descrição exaustiva dessas diferenças pode ser consultada a publicação Mario Bava: All the Colors of the Dark (2007) de Tim Lucas, mas notam-se facilmente a nova partitura de Les Baxter, alterações na edição e diálogos, adição de novos planos e corte de outros e um novo final inclinado para uma exploração mais óbvia da vertente cómica, que vem sendo seguida desde o inicio do filme. O que fica é uma versão divertida mas que adocica o negrume original de Mario Bava; uma acentuação do giallo rosa, pegando numa expressão utilizada por Lamberto Bava, em versão para turista ver (como a personagem principal, a jovem americana Nora Davis, de visita a Roma), que possa facilitar a compreensão do enredo a um público internacional menos familiarizado com a realidade local.
















Luis Miguel Oliveira e Lamberto Bava (imagem: Rita Gomes Ferrão)




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